O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Uma resposta ao artigo de Ali Kamel, que fala pela TV Globo

Hoje Ali Kamel, atual diretor executivo do jornalismo da Rede Globo, publica artigo no jornal carioca do grupo. O título: “A grande imprensa”. Ali Kamel também é autor do livro: “Não somos racistas”. Curiosamente, na capa, as letras do título explodem num fundo branco, bem branquinho. Nesse seu trabalho de “investigação intelectual” a tese de fundo é a de que as diferenças se resolvem com educação e saúde de qualidade para todos. Ou seja, segundo ele, quando brancos e negros tiverem as mesmas condições, não haverá desigualdade. Foram umas 200 páginas para provar tal tese. Faço-lhe duas perguntas:
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Mas de comunicação Ali Kamel deve entender ou não seria diretor executivo do jornalismo da TV Globo. Como do tema também entendo um pouco, ao debate.

Ele se diz preocupado com os ataques que a “grande imprensa” está sofrendo. Separei alguns trechos do artigo, para que o leitor possa fazer suas comparações. Duvido que ele fizesse o mesmo na democrática Globo ou no democrático jornal da família. Falaria sozinho.


Diz Kamel: “A grande imprensa está sob ataque. Não do público, que continua considerando o jornalismo que aqui se produz como algo de extrema confiabilidade, conforme atestam pesquisas de opinião recentes. Os ataques vêm de setores autoritários e antidemocráticos, que, diante do noticiário, sentem-se ameaçados.”

Digo eu: Primeiro, a grande imprensa deixou de ser grande faz tempo. Só ela mesma e o pessoal que articula a comunicação no governo Lula é que acreditam nisso. Quanto à confiabilidade e a credibilidade dessa parte da mídia, piada. Se a população acreditasse na mídia comercial teria ido à rua derrubar Lula em 2006. Ela utilizou toda a sua “credibilidade e confiabilidade” para que isso se realizasse. Perdeu. Se quiser saber um pouco mais de credibilidade e confiabilidade na mídia comercial, pode ler Midiático Poder – O Caso Venezuela e a Guerrilha Informativa. Sou o autor do livro, mas as histórias são da mídia. Lá tem algumas a respeito da cobertura do Jornal Nacional e do Jornal da Globo no dia do golpe midiático-militar contra Hugo Chávez.
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Diz Kamel: “Às vezes, publicam livros, financiados por partidos, com estudos pseudocientíficos como os que tentam demonstrar que, em 2006, os jornais penderam pesadamente a favor de [Geraldo] Alckmin e contra Lula, no noticiário eleitoral. Tais estudos se esquecem apenas de contar que todo o noticiário sobre o mensalão e outros escândalos foi considerado prova de desequilíbrio contra Lula. Ora, se é assim, qual seria a alternativa para que o estudo apontasse equilíbrio? Não noticiar os escândalos? Mas isso sim seria perder o equilíbrio e a isenção.”

Digo eu: Coragem, Kamel, nome aos bois. Diga com todas as letras que está tratando do livro A mídia e as eleições de 2006, organizado pelo professor Venício A. Lima e no qual tenho um texto publicado. O livro é da Editora Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT. Curioso é que nunca li nada de Kamel tratando do Instituto FHC. Ou mesmo falando do financiamento do mesmo. Quanto ao argumento do “mensalão”, pergunto: na cobertura da TV Globo em Minas Gerais, por exemplo, o “jornalismo” fez questão de mostrar em que momento nasceu o Valerioduto? Isso foi explorado como deveria, ao menos em Minas Gerais? Venhamos, Kamel, venhamos.
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E assim ele encerra seu artigo: "Já aqui, temos de conviver com essas bazófias. Porque aqui, ao contrário de lá [refere-se aos EUA], há quem queira que a informação esteja a reboque de projetos de poder."

E eu pergunto: Kamel, quando você fala em informação a reboque de projetos de poder refere-se à posição da TV Globo na época da ditadura ou nos anos FHC?

Renato Rovai é editor da Revista Fórum. Neste blog conta com produção de artigos e reportagens por parte de colaboradores e da redação

Leia na íntegra em: http://revistaforum.uol.com.br/sitefinal/blog/default.asp#685

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