O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910
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quinta-feira, 15 de maio de 2008

Luzes da Terra

Deu no Esquerda.net:


Imagem de satélite da Terra iluminada durante a noite, em Junho de 2006.

Luz e sombra

Esta imagem satélite, através da luz artificial usada à noite no planeta, condensa algumas das informações que os mapas feitos com critérios de densidade populacional, acidentes naturais ou redes viárias apresentam de forma gráfica.

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Uma linha dorsal cheia de afluentes atravessa a Ásia de leste para oeste, correspondendo a cidades, estradas e linhas ferroviárias. No sudeste africano, a linha quase recta de sudeste para noroeste corresponde ao que se chama o corredor da Beira, a estrada que liga o porto da Beira a Harare, seguindo para Lusaka, rumando depois a norte para Lubumbashi na R.D. Congo.

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Tal como os recursos energéticos, outros recursos naturais e matérias primas são consumidos na sua maioria nos países mais desenvolvidos, independentemente da sua proveniência. Milhões de pessoas vivem ao lado, por cima ou à sombra de recursos e riquezas naturais de que nunca chegam a beneficiar.

Texto de Nuno Milagre

Imagem retirada daqui

Leia na íntegra em http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=6685&Itemid=1


quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Situação da economia global

Deu no Correio da Cidadania:
Escrito por
Wladimir Pomar

A maioria dos analistas internacionais prevê que a economia mundial deve entrar em curva
descendente, durante 2008. Mas também existe um certo consenso de que o maior crescimento
dos países em desenvolvimento deve contrabalançar o fraco desempenho dos países desenvolvidos.
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Entre os países em desenvolvimento, foram os asiáticos da região do Pacífico que alcançaram as
maiores taxas de crescimento, acima de 10%. Mas muitos países da África e da América Latina
também obtiveram taxas superiores às dos países desenvolvidos, o que é surpreendente, se o fato
for comparado a situações históricas anteriores. Era comum que a queda do crescimento
econômico nos países desenvolvidos tivesse reflexos negativos graves e imediatos sobre os países
em desenvolvimento.
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Isso não significa, porém, que tais países estejam totalmente protegidos contra os riscos da
desvalorização do dólar americano, de uma recessão nos Estados Unidos e da volatilidade do
mercado financeiro internacional.
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Em outras palavras, a situação mundial é diferente do passado. Um espirro forte de uma grande
potência talvez já não consiga deixar o resto do mundo gripado. Mas seria um grave erro supor
que todos estão imunes.

Wladimir Pomar é analista político e escritor.
Leia na íntegra em http://www.correiocidadania.com.br/content/view/1346/46/

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

A economia pós-petrolífera: Depois da tecno-reparação

Deu no Resisitir.Info:
por Peter Goodchild [*]
Mesmo quando lutam com a ideia da desintegração económica, os americanos tentam ultrapassá-la em termos de progresso tecnológico ou económico: eco-aldeias, desenvolvimento sustentável, eficiência energética e assim por diante. Sob as presentes circunstâncias, tal tecno-optimismo compulsivo parece inadequado". — Dmitry Orlov, "Our Village"

O caminho para além do petróleo começa pela consideração de cinco princípios: de que as fontes alternativas de energia são insuficientes; de que os hidrocarbonetos, metais e electricidade são inseparáveis; de que a tecnologia avançadas é parte do problema e não parte da solução; de que agricultura pós-petrolífera significa uma população mais pequena; e de que a base do problema é psicológica e não tecnológica.
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1. As fontes alternativas de energia são insuficientes

As fontes alternativas de energia nunca serão muito utilizadas, principalmente devido ao problema da "energia líquida": a quantidade do output de energia das fontes alternativas não é suficientemente maior do que a quantidade de input de energia (a qual são hidrocarbonetos). As fontes alternativas não são suficientes para abastecer as necessidades anuais da "sociedade industrial" tal como é geralmente entendida tal expressão.
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As pilhas de combustível (fuel cells) não podem ser tornadas práticas porque tais dispositivos exigem hidrogénio derivado dos hidrocarbonetos. Os biocombustíveis (exemplo: do milho) exigem enormes quantidades de terra e resultam em quantidades insuficientes de energia líquida. As barragens hidroeléctricas estão a atingir os seus limites práticos. A energia nuclear dentro em breve estará a padecer da falta de combustível e já cria sérios perigos ambientais.
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O gasto mundial de energia primária foi de 11 x 10 9 toneladas equivalentes de petróleo (tep) em 2006. É difícil imaginar um número de tal grandeza – é muitíssimo. Por volta de 2030 o abastecimento mundial de petróleo estará tão esgotado que a Era Industrial estará ultrapassada, para todos os propósitos práticos. Mas os proponentes da "energia alternativa" esperam transformar todo o planeta num espaço de tempo que seria implausível mesmo num trabalho de ficção científica.
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2. Os hidrocarbonetos, os metais e a electricidade são inseparáveis

O minério de ferro daquela espécie que pode ser processada com equipamento primitivo está a tornar-se escasso, e apenas as formas menos tratáveis estarão disponíveis quando a maquinaria movida a petróleo já não estiver disponível — um problema do tipo do ovo e da galinha. O cobre, o alumínio e outros metais também estão a desaparecer rapidamente. Os metais foram úteis à espécie humana apenas porque outrora podiam ser descobertos em bolsões concentrados na crosta da Terra, agora eles estão irremediavelmente dispersos entre as montanhas de lixo do mundo.
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Os hidrocarbonetos, os metais e a electricidade estão todos intrincadamente conectados. Cada um deles é acessível — à escala moderna — só quando os outros dois estão presentes. Qualquer dos dois desaparecerá sem o terceiro. Se imaginarmos um mundo sem hidrocarbonetos, devemos imaginar um mundo sem metais ou electricidade. Não há meio de romper este "triângulo".

3. A tecnologia avançada é parte do problema e não parte da solução

Sejam quais forem as opções disponíveis no futuro, elas não serão encontradas na tecnologia avançada, em soluções "high-tech". Há três razões porque isto é assim. Em primeiro lugar, quaisquer dispositivos de "energia alternativa" teriam de ser criados de plásticos e metais. Em segundo lugar, eles teriam de ser controlados pela electricidade. Finalmente, teriam de ser criados por máquinas grandes e refinadas e transportados a longas distâncias. Mas toda a questão ao especular acerca da "energia alternativa" é em primeiro lugar encontrar uma resposta para aquela crise particular — o facto de que nenhum destes três factores existirá em anos futuros.
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A tecnologia avançada é parte do problema a ser resolvido, não a própria solução. Pode haver alguma forma de tecnologia que possa salvar-nos do esgotamento de hidrocarbonetos, mas não certamente não é "high". Falar em "métodos high-tech" como se eles fossem em grande medida sinónimos de "métodos empregando fontes alternativas de energia" é em última análise contraditório e auto-derrotante.
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4. Agricultura pós-petróleo significa uma população mais reduzida

A agricultura moderna está dependente dos hidrocarbonetos para os fertilizantes (o processo Haber-Bosch combina gás natural com nitrogénio atmosférico para produzir fertilizante azotado), pesticidas e a operação de máquinas para colheita, processamento e transporte. A Revolução Verde foi a invenção de um meio de converter petróleo e gás natural em alimento. Sem hidrocarbonetos, os métodos modernos de produção alimentar desaparecerão. A produção alimentar será grandemente reduzida, e não haverá meios práticos de transportar comida a longas distâncias.
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No entanto, uma pequena população humana pode sobrevier com a agricultura, pelo menos se ela reverter a alguns métodos primitivos. Algumas culturas asiáticas trazem material de plantas silvestres das montanhas e usam-no como fertilizante, assim utilizando o N-P-K (etc) das mesmas. Muitas outras culturas utilizam cinzas de madeira. A "fonte" nutriente das plantas silvestres alimenta o "sumidouro" ("sink") de nutrientes da terra cultivada. (Isto é um dos princípios básico por trás de toda a "jardinagem orgânica", embora poucos praticantes o admitam ou mesmo saibam disto).
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5. A base do problema é psicológica, não tecnológica

Quando a crise petrolífera piorar haverá várias formas de comportamento aberrante: negação, raiva, paralisia mental. Haverá um aumento do crime, haverá estranhos cultos religiosos ou movimentos políticos extremistas. A razão para tal comportamento é que no fundamental o problema do pico petrolífero não é acerca tecnologia, não é acerca da ciência económica, e não é acerca da política. Ele é em parte acerca da tentativa da humanidade de desafiar a geologia. Mas é principalmente acerca da psicologia: a maior parte das pessoas não pode apreender aquilo que William Catton denomina "ultrapassar os limites" ("overshoot").

Nós não podemos encarar o facto de que como espécie ultrapassámos a capacidade do planeta para nos acomodar. Nós nos multiplicámos para além dos limites. Consumimos, poluímos e expandimo-nos para além dos nossos meios, e após vários milhares de ano de soluções tecnológicas superficiais estamos agora a esgotar as respostas. Biólogos explicam tal expansão em termos de "capacidade biótica máxima" ("carrying capacity"): roedores e lebres da neve — e um grande número de outros espécies — têm o mesmo problema; a super-população e o super-consumo conduzem à extinção (die-off). Mas os humanos não podem encarar tal conceito. Ele vai contra o cerne de todas as nossas crenças religiosa e filosóficas.

22/Dezembro/2007

Outras leituras:
BP Global Statistical Review of World Energy. Annual. http://www.bp.com/statisticalreview
Campbell, Colin J. The Coming Oil Crisis . Brentwood, Essex: Multi-Science, 1997.
Catton, William R., Jr. Overshoot: The Ecological Basis of Revolutionary Change . Champaign, Illinois: U. of Illinois P, 1980.
Deffeyes, Kenneth S. Hubbert's Peak: The Impending World Oil Shortage . Princeton: Princeton UP, 2001.
Gever, John, et al. Beyond Oil: The Threat to Food and Fuel in the Coming Decades . Cambridge, Massachusetts: Ballinger, 1986.
Meadows, Donella H. et al. Limits to Growth: A Report for the Club of Rome's Project on the Predicament of Mankind . 2nd ed. New York: Universe, 1982.

Do mesmo autor:
Pico petrolífero: A energia alternativa e o Princípio Poliana

[*] Autor de Survival Skills of the North American Indians . Contacto: petergoodchild@interhop.net

O original encontra-se em http://www.countercurrents.org/goodchild221207.htm
Leia na íntegra em http://www.resistir.info/peak_oil/goodchild_22dez07.html

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O dólar do tamanho de um selo postal

Deu no Resistir.info:
Por Mike Whitney [*]
Ultimamente parece que toda a gente quer dar um pontapé no dólar. Na semana passada, foi a super-modelo brasileira que exigiu euros para as suas voltinhas na passarela, ao invés de US dólares. Na semana anterior, Jay-Z, aquele empresário de hip-hop, divulgou um vídeo denegrindo o dólar e louvando o euro como o melhor sujeito na 'floresta'.
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O fogoso presidente venezuelano, Hugo Chavez, seguiu Ahmadinejad ao prever que o enterro do dólar significaria o "fim do Império".

Chavez pode ter alguma razão. O dólar é o calcanhar de Aquiles da América; se o dólar afunda, assim acontecerá com o império. Isto significa que o contribuinte terá de pagar a conta das sangrentas intervenções de Bush no Iraque e no Afeganistão, e não os chineses. Isto também significa que os EUA terão de exportar alguma coisa de maior valor do que bombas Daisy Cutter e prisões. Isto poderia ser uma encomenda excessiva agora que Bush despachou as fábricas, esvaziou a base industrial e exportou três milhões de empregos na manufactura. Teremos de lixar a ferrugem da maquinaria e obtê-la de volta a fim de fazermos negócios como acontecia antes do fracasso do Livre Comércio.
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O Kuwait, Venezuela, Irão, Rússia, e Noruega já optaram por ignorar os efeitos desestabilizadores da "conversão" do dólares e estão em diversas etapas de liquidação. Outros países os seguirão. Os EAU, o Bahrain, Qatar, Oman e Arábia Saudita estão a considerar uma comutação da ligação ao dólar para um cabaz de divisas de modo a que possam precaver-se contra a inflação que assola as suas economias. É apenas uma questão de tempo antes de o Sistema Petrodólar – que liga o dólar a vendas de petróleo e cria de facto uma "divisa internacional" – ser completamente dissolvido, precipitando o colapso final de Bretton Woods.
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Mas então, claro, o plano chocou-se com um obstáculo. A resistência iraquiana cresceu com tremenda rapidez, os EUA ficaram atolados numa guerra "invencível", e o outrora poderoso dólar murchou de valor. Agora estamos num ponto de viragem e os nossos líderes estão num estado de negação. Bush ainda está a brincar de Teddy Roosevelt, ao passo que Paulson e Bernanke estão simplesmente em estado de choque. Eles provavelmente sabem que o jogo está acabado. Como o dólar continua a murchar, a frustração começa a subir na Europa. Liam Halligan resume-a assim:
"A Europa já tem o quanto baste no que se refere à 'displicência benevolente' da América em relação à política do dólar. Como grande área económica, com taxa de câmbio flutuante, a eurozona sofre mais. Ao longo dos últimos sete anos, a divisa única ascendeu uns chocantes 82 por cento em relação à nota verde. Isso martelou as exportações da eurozona – provocando sérias disputas comerciais entre a UE e os EUA, os dois maiores blocos comerciais do mundo. Não é de admirar que o presidente francês Nicolas Sarkozy descreva o dólar em queda da América como "um precursor da guerra económica". ( UK Telegraph, "Bet Your Bottom Dollar tensions Will Follow")
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Assim, quanto dinheiro Sarkozy está disposto a avançar para impedir o dólar de desmoronar-se ainda mais — US$100 mil milhões, US$500 mil milhões, US$1000 mil milhões? E onde está a base?
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Mais de dois terços de todos os haveres de divisas estrangeiras soberanas são denominados em dólar. Quando aqueles dólares forem convertidos outra vez em divisas estrangeiras e começarem a reciclar dentro dos EUA, estaremos em profunda perturbação. A inflação levantará voo. Certamente o Fed deve ter sabido que este dia chegaria quando começou a bombear milhões de milhões de dólares nas hipotecas subprime e nos complexos instrumentos de dívida que não serviam para qualquer finalidade senão engordar os fundos de banqueiros predadores e administradores de hedge-funds. O Fed também sabia que a riqueza da nação não estava a ser "eficientemente distribuída" por melhorias capitais em fábricas, tecnologia ou indústria. Ah, não. Isso teria assegurado que a América permaneceria competitiva no mercado global do novo século. Ao invés disso, o dinheiro foi despejado às pazadas no sumidouro abissal das casas de estuque com telhados em juros compostos e tóxicos incumprimentos de crédito.
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Lawrence Summers, professor de Ciências Económicas de Harvard, apresentou ontem esta sóbria advertência no artigo "Wake up to the dangers of a deepening crisis" publicado no Financial Times:
"Três meses atrás era razoável esperar que a crise do crédito subprime seria um evento financeiramente significante mas não algo que ameaçasse o padrão global do crescimento económico. Isto ainda é um resultado possível mas já não é mais a probabilidade preponderante. Mesmo se mudanças necessárias na política forem implementadas, as probabilidades agora favorecem uma recessão americana que reduziria significativamente o crescimento no âmbito global. Sem respostas políticas mais fortes do que as que têm sido observadas até à data há, além disso, o risco de que impactos adversos venham a ser sentidos durante o resto da década e mais além. Varias correntes de dados indicam a medida em que a situação é mais séria do que estava claro uns poucos meses atrás".

Summers não é o rapaz mais inteligente do quarteirão. Se fosse não teria dito que os homens são mais inteligentes do que as mulheres e ainda seria presidente de Harvard. Mas é um economista capaz e pode farejar o desastre quando a correria da fuga já está na esquina.
27/Novembro/2007
[*] fergiewhitney@msn.com
O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/whitney11272007.html
Leia na íntegra em http://www.resistir.info/financas/whitney_dollar_27nov07.html