Jaques Távora AlfonsinA Expointer quase sempre renova o debate sobre alguns temas que não deixam de gerar perplexidade. Um deles é o de excelente nível da produção rural gaúcha, assim apregoado pelos grandes proprietários da terra; outro é o dos maus-tratos que eles sofrem por parte do Estado; um terceiro é a denúncia de que o MST e a reforma agrária só fazem mudar a miséria de lugar. Algumas perguntas sobre tais afirmações exigem uma explicação mais atenta dos fatos. Se a nossa produção é tão boa, por que o índices que medem graus de utilização da terra e de eficiênciana sua exploração, previstos nas leis agrárias, têm de ser, hoje, os mesmo de décadas atrás, segundo os mesmos latifundiários? Se o Estado só atrapalha, que recursos financeiros lhe devem ser garantidos para mudar isso, sabendo-se que as dívidas tributárias dessas pessoas ou são sempre prorrogadas ou nem sequer pagas?
advogado
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Se o MST e a reforma agrária somente mudam a miséria de lugar, o que explica o fato dos países considerados ricos terem realizado uma segunda, às vezes até com o uso da ocupação militar violenta, como o General Mac Arthur fez, em nome dos Estados Unidos da América, com os latifundios japoneses após a vitória Aliada na Segunda Guerra? Se o MST somente cria favelas rurais, ao que se deve o fato de a miséria, situar-se, aqui no Estado, justamente nas regiões onde o latifúndio mais impera? tinha assim razão Enio Guterres, quando sublinhou a diferença entre produtividade e produtivismo, na sua obra Agroecologia militante. A primeira procura preservar a terra como fonte de vida para toda/os, tentando garantir essa justa partilha universal, sem a morte dela; o segundo, além de não se importar com o egotamento e a depredação do solo, prefere que a miséria fique onde está, por mais que ele próprio seja o principal responsável pelo lugar dela.
Publicado no Jornal do Comércio. Porto Alegre, 30 ago. 2007. P. 4
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