Deu na Revista do Brasil:
O Estado nacional sofreu uma sucessão de golpes a partir da segunda metade do século 20. O ápice da agressão foi a chegada de FHC, que proclamou, arrogante, o seu fim
Por Mauro Santayana
Dois fatos de agosto chamaram a atenção do colunista. O primeiro é o processo contra parlamentares de quase todos os partidos, que se valeram de recursos de origem espúria, no episódio conhecido como “mensalão”. Quando redigíamos este texto, o STF começava a aceitar a denúncia contra a diretoria do Banco Rural. É um bom começo, tendo em vista os privilégios do sistema financeiro nacional. Espera-se que, seguindo esse fio, possamos chegar à punição dos que contribuíram para a remessa ilegal de recursos ao exterior, em caminhões fechados, pela fronteira de Foz do Iguaçu, usando o Banestado e outras instituições menores.
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No dia em que houver bom senso em nosso país, o Banco Central estará sob as rédeas rigorosas do Executivo e do Parlamento. Tal como ocorre nos Estados Unidos, seus diretores terão de executar a política decidida pelo Estado – e não ditar ao Estado a política a ser seguida. Em nosso país, o Banco Central tem servido apenas para engrossar os lucros das instituições privadas, como mostram os balanços publicados. Espera-se que o processo aberto no STF vá além dos parlamentares do PT – que são o alvo preferencial da mídia – e, seguindo os passos de Marcos Valério, chegue aos tucanos que o inventaram e dele se serviram em primeira mão, durante o governo de Eduardo Azeredo, em Minas Gerais.[ . . . ]
Vargas, não obstante ter governado ditatorialmente, foi o estadista que modernizou o Estado nacional, abriu caminho à ocupação do território, estabeleceu a infra-estrutura para o desenvolvimento industrial, com a Vale do Rio Doce, a Siderúrgica Nacional, a Petrobras e a Eletrobrás. E, ao criar as leis trabalhistas, começou a redimir o povo brasileiro da servidão às oligarquias, a que vinha sendo submetido desde os governadores gerais. O nacionalismo desenvolvimentista sofreu uma sucessão de golpes, sendo o ápice de sua decadência a chegada do sr. Fernando Henrique Cardoso, que proclamou, arrogante, ter-lhe dado fim no final do século 20.[ . . . ]
O desdém absoluto vem no final de suas declarações a João Moreira Salles. Dona Ruth Cardoso, presente à entrevista, conta que, certa vez, em Buenos Aires, foram reconhecidos por um ônibus de turistas brasileiros, que desceram e passaram a fotografar o casal. “Deviam ser todos petistas, Fernando, e você não passava de uma atração turística”, comenta a ex-primeira dama. Segundo a matéria, FHC não se dá por vencido. “Em restaurantes de Buenos Aires eu sou aplaudido quando entro. É que eu traí os interesses da pátria, então eles lá me adoram.” Sem comentários.Mauro Santayana trabalhou nos principais jornais brasileiros desde 1954. Foi colaborador de Tancredo Neves e adido cultural do Brasil em Roma nos anos 80. É colunista do Jornal do Brasil, do qual foi colunista na Europa (1968 a 1973) e articulista free lancer de diversas publicações Leia na íntegra em http://www.revistadobrasil.net/ponto_de_vista.htm
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