O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

Arquivo do blog

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A África e o poder das transnacionais

Deu no Brasil de Fato:
O crescente interesse dos países ricos pela África tem motivos bem prosaicos: os grandes monopólios necessitam, cada vez mais, de matérias-primas
20/09/2007
Hedelberto López Blanch


O esgotamento dos recursos naturais em diversas partes do globo, a concentração de capitais das nações em desenvolvimento com o surgir de grandes monopólios industriais que necessitam inexoravelmente de matérias-primas e o intercâmbio comercial desigual entre países pobres e ricos, entre outros fatores, deu origem a que governos ocidentais e suas companhias transnacionais se voltem para o continente africano.
[ . . . ]
Durante quinhentos anos de exploração colonial os países europeus, além de dividirem arbitrariamente os territórios desse continente, também os organizaram de forma a cada um poder obter as matérias primas e os produtos que as suas metrópoles necessitavam.
[ . . . ]
Dessa forma a Zâmbia, a República Democrática do Congo e a África do Sul exportam a maior quantidade de cobre existente no mercado mundial; a Guiné e o Gana a bauxite; a África do Sul e a Namíbia o urânio; a África do Sul, o Zimbawué e o Botswana, o níquel e o cobalto; a República Democrática do Congo, o Ruanda e a Uganda o molidbeno, tântalo e nióbio; a África do Sul, a Libéria e a Mauritânia o ferro.
[ . . . ]
Apesar dos recursos de que a África dispõe, as suas produções só correspondem a 2% do comércio mundial, fundamentalmente porque as suas matérias-primas vendem-se a preços baixos enquanto as importações de equipas industriais, de construção, telecomunicações, etc., pagam-se a preços exorbitantes embora os seus componentes de fabricação venham quase todos do continente africano.
[ . . . ]
O professor Baró sublinha no seu trabalho "que no caso do crómio, os Estados Unidos dependem das importações procedentes da África do Sul e Zimbawué, países que concentram 98% das reservas mundiais. A República Democrática do Congo produz mais de 60% do cobalto mundial, mineral do qual a primeira potência mundial importa 65% das suas necessidades. No caso do manganês, este país recebe 39% das suas importações apenas da África do Sul, nação que possui 75% das reservas mundiais."
[ . . . ]
Nos últimos anos, a descoberta de grandes jazidas petrolíferas na África obrigou os Estados Unidos e as transnacionais a virem em maior força e presença para esse continente.
[ . . . ]
O ex subsecretário de Estado para a África, Walter Kansteiner, tal como o vice-presidente Richard Cheney, afirmou abertamente que «o petróleo africano é para nós de interesse estratégico nacional e sê-lo-á ainda mais no futuro.»
[ . . . ]
Para instrumentalizar este complexo plano de abastecimento, os Estados Unidos contam com a presença nesse Golfo das transnacionauis norteamericanas Exxon Mobil, Chevron, Maraton Oil, Amerada Hess e Ocean Energy.
[ . . . ]
Enquanto as grandes companhias extraem riquezas de África que vão parar aos países desenvolvidos, estes últimos cortaram drasticamente as contribuições de auxílios oferecidos a esse continente como paliativo para as enormes dificuldades que enfrentam.
[ . . . ]
Da experiência vivida pela África impõe-se a necessidade de aumentar as relações Sul-Sul em busca de formas que beneficiem os países em desenvolvimento sem terem de sofrer o saque indiscriminado das suas riquezas naturais por parte das transnacionais e dos governos ocidentais. (www.diario.info)
Tradução de Manuela Antunes Leia na íntegra em http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/analise/a-africa-e-o-poder-das-transnacionais

Nenhum comentário: