Deu na Agência Carta Maior:
Por Gilson Caroni Filho - do Rio de Janeiro
Os tucanos costumam dizer que o Mercosul está estagnado pelas diferenças político-culturais entre seus parceiros, pela assimetria entre as economias do subcontinente sul-americano, e por medidas protecionistas, tomadas em momentos de crise. Se as dificuldades existem, tomá-las como impossibilidade de uma integração soberana faz parte da estratégia do liberalismo-conservador derrotado nas urnas em 2006.
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Quando o líder venezuelano lamenta a demora na concretização de projetos vitais para o região como o Gasoduto do Sul e o Banco do Sul - sabe perfeitamente o que move as protelações. Ao dizer que por trás de atrasos e desencontros está a mão do império estadunidense, toca em questão cara a uma classe dominante que sempre pensou inserção subalterna como projeto ideal. O lamento de colônia costuma vir sob o argumento de que "fracasso das negociações para a criação da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca) também não foi bom para o Mercosul, porque abriu aos Estados Unidos espaço para promover acordos comerciais bilaterais"[ . . . ]
O que o senador amazonense não tolera é o que dá mais sustentação a um projeto estratégico regional , aquilo que setores conservadores, dentro de um viés funcionalista, têm chamado de crise política. Ou ''retórica nacionalista imprecisa''. É a reafirmação soberana de uma região que não constrange nenhuma instituição democrática, pelo contrário a confirma como instância de poder.[ . . . ]
Em 07/10/2006, escrevemos aqui mesmo, na Carta Maior: "o governo Lula tem uma política externa que fortalece o Itamaraty e aposta no Mercosul como futuro espaço de integração. Sabe que toda movimentação regional está sob a espada de Dâmocles do Império e suas 22 bases militares na região. A oposição, ao contrário, defende uma integração subalterna, controlada por megacorporações". Infelizmente o texto não perdeu a atualidade. Virgílio e seus correligionários continuam a atualizá-lo. A inclusão da Venezuela como membro pleno é questão de soberania regional. O resto é tergiversação de candidatos a Vice-Rei.Quem assistiu ao documentário de Kim Bartley e Donnacha O’Briain sabe que, a depender das oligarquias latino-americanas, assim como a revolução, integrações que interessem aos povos latino-americanos também “ não serão televisionadas”.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa. Leia na íntegra em http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=3728
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