Deu no Diário Gauche,
do Cristóvão Feil:
A revolução burguesa no Rio Grande do Sul
Investigar sobre a existência de uma revolução burguesa no limite meridional do Brasil implica em verificar dois fatores preponderantes: 1) a ação de atores das grandes transformações que estejam por trás da desagregação do regime escravocrata-senhorial; 2) a formação de uma sociedade de classes.
Como afirma Florestan Fernandes, no Brasil “a Revolução Burguesa não constitui um episódio histórico”, foi um desdobramento longo de pequenas e continuadas “rupturas com o imobilismo da ordem tradicionalista e a gradual chegada da modernização como processo social”.
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[Aqui um breve parêntese elucidativo, para quem não leu os dois sueltos anteriores desta pequena série: estamos investigando os motivos que levam a burguesia guasca a renunciar a sua própria revolução social, onde foi francamente vitoriosa, para apegar-se ao passado farroupilha que, embora heróico, foi uma sucessão de fracassos. Por que as fanfarras do Tradicionalismo organizado – e ideologizado – não evocam a vitória modernizante de 1893, preferindo lembrar as derrotas sucessivas de 1835-1845?][ . . . ]
A guerra civil começa em 2 de fevereiro de 1893, quando o uruguaio Gumercindo Saraiva invade o Rio Grande com 400 rebeldes armados, em sinal de protesto pela reeleição de Julio de Castilhos à presidencia do Estado, tendo ocorrido sua posse uma semana antes, em 25 de janeiro. Saraiva, um colorado uruguaio, representava mais do que os fazendeiros maragatos, representava sociologicamente uma reação armada do macro sistema baseado no latifúndio e na pecuária de exportação. Dava-se início ao embate sangrento entre o Rio Grande atávico e conservador e o Rio Grande modernizante e planificador. A guerra civil foi obra cruenta, então, das forças oligárquicas reacionárias à Constituição estadual castilhista de 14 de julho de 1891.A Constituição castilhista de 1891 foi um marco político da hegemonia republicano-chimanga no Estado. Representa uma ordem legal exemplar, que se poderia classificar com um tipo ideal weberiano – segundo Luiz Roberto Targa.
Mas isto veremos no capítulo seguinte.
No final desta série “Por que o Rio Grande do Sul é assim”, este blog indicará a bibliografia usada, bem como as devidas sugestões de leitura para aprofundar o tema aqui tratado.
Leiam na íntegra em http://diariogauche.blogspot.com/2007/09/por-que-o-rio-grande-do-sul-assim-iii.html
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