Escrito por Wladimir Pomar
05-Set-2007
Na luta política, para conquistar aliados e criar um movimento contra inimigos poderosos, é preciso combater com razão e com limites. Isso é verdade tanto para governos populares, ou de coalizão, quanto para a luta pela reforma agrária. Há governos populares que supõem ser possível desprezar os interesses de alguns setores sociais da sociedade, da mesma forma que algumas lideranças camponesas acham que podem descartar as classes médias urbanas de seu rol de aliados.
A razão dos camponeses, sem-terra ou com pouca terra, consiste em que o Brasil possui muitas terras disponíveis, e que essas terras se encontram extremamente concentradas nas mãos, tanto de latifundiários de novo tipo, capitalistas, quando de latifundiários de "velho tipo", neste caso em geral ociosas ou pouco produtivas. Também lhes dá razão o absurdo econômico e social de tantas terras ociosas em contraste com milhões de camponeses sem-terra ou com pouca terra.
[ . . . ]
Tais limites impõem à luta pela reforma agrária, mais ainda do que antes, uma escolha clara dos alvos a serem batidos, e das alianças que devem ser realizadas. Se as lideranças camponesas batem com a mesma força contra o "velho latifúndio" e o "novo latifúndio", unificando-os sob uma mesma mira, estão certamente reforçando os inimigos, ao invés de dividi-los, como manda a arte da política.[ . . . ]
Nas condições do Brasil, quem quer que pretenda realizar algum tipo de reforma, seja a agrária ou outra, terá que contar com o apoio e participação das classes médias, por seu peso econômico, social e político. Pouco importa que até tenha razão em considerar egoístas ou mesquinhos seus interesses de classe. Terá que levá-los em conta porque, se elas estiverem do outro lado, poderão causar estragos profundos à luta popular. A história brasileira não é longa, mas tem muitas experiências a respeito.Wladimir Pomar é escritor e analista político.
Leia na íntegra em http://www.correiocidadania.com.br/content/view/816/46/
Nenhum comentário:
Postar um comentário