Deu no Vermelho:por Altamiro Borges*
A mídia tupiniquim, que sempre fez alarde com o drama dos sacoleiros de Ciudad del Este, não tem dado maior atenção à inédita mudança de ventos no vizinho Paraguai. Depois de 65 anos de violenta e corrupta hegemonia do oligárquico Partido Colorado, a eleição presidencial de 20 de abril pode resultar numa reviravolta política no sofrido país.
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O clima no país, segundo relatos de vários lutadores sociais, é de mudança e de forte esperança, o que confirma a guinada à esquerda na América Latina. Nem mesmo as manobras do governo, que concedeu anistia ao ex-militar populista para dividir os votos da oposição, parece ter surtido efeitos. Até setores conservadores, com forte influência na mídia, já dão como certa a vitória de Fernando Lugo, que montou uma ampla frente de centro-esquerda – que agrega desde o Partido Comunista até os nacionalistas do Partido Liberal Radical Autêntico. O maior temor, entretanto, é que ocorram fraudes nas eleições, o que é bastante comum neste país.Fraudes dos colorados
Como alerta o jornalista Gilberto Maringoni, atento analista da situação latino-americano, o risco de roubo é real. “Praticamente tudo no país é controlado pelo Partido Colorado, criado em 1887. Dominando o executivo nacional, legislativo e judiciário, a influência da agremiação espalha-se por todas as localidades paraguaias. É voz corrente que ninguém consegue emprego, matrículas em escolas públicas, atendimento em postos de saúde ou prestar queixas em delegacias policiais se não apresentar sua ficha de filiação no partido. Integrantes das forças armadas também devem se filiar para ascender na carreira. Dos seis milhões de paraguaios, quase um terço formalmente é membro da agremiação. É uma máquina poderosíssima, para ninguém botar defeito”.
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O inflamável Tratado de Itaipu
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A coalizão que apóia Fernando Lugo entende que o acordo é lesivo e defende a “recuperação da soberania hidrelétrica”. Ela lembra que o preço de energia no mercado brasileiro passa dos US$ 80. Itaipu é responsável por 19% do PIB paraguaio, com ingressos nos cofres públicos de cerca de US$ 1,5 bilhão ao ano. Um reajuste nos preços – e não o rompimento do tratado, com alardeia a mídia terrorista – poderia representar importante alavanca para o desenvolvimento do país, um dos mais pobres do continente. Não é para menos que a proposta contagia os paraguaios e hoje é defendida, de formas variadas, por todos os candidatos. Ela não tem nada de esquerdista ou de provocadora; apenas prega o que o Brasil também deveria defender, a soberania nacional.*Altamiro Borges, Miro é jornalista, Secretário de Comunicação do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro "As encruzilhadas do sindicalismo" (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição)
Leia na íntegra em http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=35172
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