Deu na Carta Capital:O que está por trás dessa recente conversão das TVs abertas em "defensoras do conteúdo
Ivana Bentes
brasileiro contra a pirataria"? Afinal de contas, a melhor defesa desses conteúdos seria exibir nossos
filmes, vídeos, a produção independente na TV aberta comercial, de forma sistemática.
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Nas campanhas da TV contra a pirataria (DVD pirata, software pirata, rádio pirata!!!) , na novela
das oito, nos editoriais, a mídia tenta angariar simpatia dos criadores e produtores de cultura,
supostamente "lesados" em seus direitos autorais, com uma estratégia bem pouco inteligente, que
se recusa discutir o que tem que ser discutido: a crise estrutural do capitalismo da exclusividade e
da restrição da produção e circulação de bens culturais, que de “escassos e caros” agora podem ser
produzidos e reproduzidos aos milhares em DVDs, CDs, MP3, MP4, digital.
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Camelôs, artistas, estudantes, programadores, profissionais da informação, designers, formam o
novo “precariado”, ou melhor, o novo “cognitariado”, pois trabalham com a produção “imaterial” e
difusão de conhecimentos, um valor que pode ser partilhado pela multidão, por qualquer um.
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Mas como criminalizar downloads de música quando milhares de Ipods são distribuídos em palito
de picolé? Com zilhões de gravadores e duplicadores de DVDs e CDs, câmeras na mão de cada vez
mais gente? Quem vai pagar R$ 50 reais quando um CD ou DVD virgem custa centavos?
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Afinal, os primeiros a desqualificar o direito autoral são as gravadoras, as editoras, as TVs que
pagam pouco aos criadores e lucram muito. A pirataria, a cópia, a circulação social, já está (ou
deveria estar) embutida nos lucros da indústria,
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O preço abusivo dos produtos culturais atuais tem a ver com a forma antiga de produção, fordista,
agigantada, fabril. Mas a fábrica tradicional está em crise, acabou. Nos Estados Unidos, o sistema de
estúdios, os contratos de exclusividade com atores, faliu nos anos 50! Não pode vender produto
com preço da fábrica capitalista fordista, num sistema em que toda a produção barateou. Menos o
produto final!
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A propriedade intelectual e o direito autoral não vão acabar, vão ter que ser repensados! Estão em
crise no capitalismo da reprodutibilidade técnica, no capitalismo do imaterial, em que é barato
produzir. É barato fazer circular! É barato copiar e compartilhar.
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Ou seja, como criminalizar toda uma cultura nova, do compatilhamento da duplicação, da difusão,
como isso pode ser "ilegal"?
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Ciberativismo, Copyleft, Cognitariado, Precariado, Cultura Livre, livres capturas pelas redes....
dispositivos, estética, essas são algumas das senhas de acesso para a coluna que está começando.
Pode logar!*Ivana Bentes é pesquisadora da Escola de Comunicação da UFRJ,
participa da rede Universidade Nômade
Leia na íntegra em http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=123
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