Deu no Correio da Cidadania:"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer". O líder da revolução cubana mostrou, mais uma vez, que conserva viva a sua extraordinária capacidade de surpreender. Para espanto dos que fizeram até o inimaginável para tirá-lo de lá, soberano, ele escolheu o momento e a forma da retirada.
Escrito por Léo Lince
A revolução cubana é o mais poderoso ícone do romantismo revolucionário dos tempos modernos. Aqueles jovens rebeldes, com suas barbas e charutos cinematográficos, pegaram em armas contra a tirania e venceram. No poder, foram fiéis ao prometido: desencadearam mudanças profundas e, sob pressão permanente, sustentaram um processo político marcado por singular originalidade.
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Hoje, depois de quase meio século de socialismo, Cuba segue sendo um país pobre, renda baixa e múltiplas carências. Ao mesmo tempo, consegue ostentar indicadores sociais que se equiparam aos países mais avançados. Analfabetismo, zero. Expectativa de vida e mortalidade infantil, padrão europeu. Os serviços de saúde e educação são públicos, gratuitos e de alta qualidade. Todos, até os detratores, são obrigados a reconhecer esse "mistério". Moradia e alimentação asseguradas. No esporte, no cinema, na música, na dança, na poesia, na pintura: um furacão desabusado de alegria.[ . . . ]
A carta do Fidel, cuja enorme repercussão é um sinal positivo, é uma tentativa de estabelecer pontes para a difícil travessia. Garantir a sustentação das conquistas sociais e reafirmar os princípios do projeto socialista nas turbulências da adversidade. Não vende ilusões e conclama a que se prepare para os piores cenários. Como Lezama Lima, o grande romancista de "Paradiso", ele sabe que "só o difícil é estimulante". Como Marti, ele cultiva a fé substantiva naquilo que ainda não existe: "continuamos com nuestra serenata ante balcones que no quieren abrirse".Vale lembrar, os de meu tempo, o saudoso Stanislaw Ponte Preta e sua personagem mais faceira, a "tia Zulmira". Ela era simpatizante da ilha heróica e, nas festas, pedia sempre um traçado forte a que deu o nome de Fidel Castro. Indagada sobre o conteúdo da bebida, respondia com entonação de slogan: Fidel Castro é Cuba Libre sem Coca Cola.
Léo Lince é sociólogo. Leia na íntegra em http://www.correiocidadania.com.br/content/view/1450/45/
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