O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

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sexta-feira, 2 de maio de 2008

“Investment”, continuidade de quê?


Deu na Agência Carta Maior:
Há seis anos o cenário era de terra arrasada. Renda estagnada, taxa de desemprego em patamares altíssimos e dívida pública de 58% em relação ao PIB compunham a aquarela de “uma política econômica clássica". Também fez parte dessa política do consórcio PSDB/PFL um processo de privatização criminosa do Estado brasileiro.
Gilson Caroni Filho
Embora não sejam os olhos de Capitu, os jornalistas brasileiros costumam produzir textos oblíquos e dissimulados. A decisão da agência de risco Standard & Poor's de promover o país à condição de "investment grade” fez com que a grande imprensa se esmerasse na produção da sinuosidade tão apreciada pelo "leitor Bentinho" de todo dia. Aquele que tem ressaca cívica na retina e não percebe que o arrazoado conservador, para o qual dobram os sinos de todas as editorias, é o cemitério da ética.
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Carlos Alberto Sardenberg, comentarista econômico da TV Globo e âncora da rádio CBN, escreveu em seu blog que "a classificação não depende de um ponto exclusivo, mas do conjunto da obra. E a obra é uma política econômica clássica, cujo construção começou com o lançamento do real em 1994, e seguiu com vários passos, sendo os principais: a introdução do regime de metas de inflação em 1999, do regime de câmbio flutuante também em 1999 e a definição de leis e normas que colocaram as contas públicas sob controle". Ou seja estaríamos diante de um processo evolutivo, sem rupturas ou descontinuidades. Pura prestidigitação. O que se apresenta como registro jornalístico é uma peça ideológica que busca, através do falseamento, ocultar agendas totalmente distintas.
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Há seis anos o cenário era de terra arrasada. Renda estagnada, taxa de desemprego em patamares altíssimos e dívida pública de 58% em relação ao PIB compunham a aquarela de “uma política econômica clássica". Em oito anos, o índice de inflação acumulada foi de 100,7%. Não esqueçamos que fez parte do "equilíbrio macroeconômico” do consórcio PSDB/PFL (atual DEM) um processo de privatização criminosa do Estado brasileiro que torrou, a pretexto de sanear a dívida pública, US$100 bilhões de ativos públicos. E, aos que hoje vociferam contra uma política fiscal expansionista, lembremos que nos tempos da insensatez tucana a carga tributária pulou de 28,3% para 35,7% do PIB. Nesse ponto cabe uma inflexão.
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Quando Fernando Henrique Cardoso diz que “já deveriam ter dado a nova classificação há mais tempo", paira uma ambigüidade: há nessa afirmação uma autocrítica inédita ou ela revela uma privação de sentido? Com a palavra, os saudosistas do cassino.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa.
Leia na íntegra em http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3878

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