Deu no Vermelho:De forma muito discreta, a imprensa noticiou nos últimos dias um possível encontro que teria ocorrido entre o primeiro Ministro israelense Ehud Olmert com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. O assunto foi a paz, claro, e um possível acordo pelo reconhecimento do Estado Palestino e suas futuras fronteiras. O furo jornalístico foi dado pelo jornal Haaretz. Será nosso tema da semana
por Lejeune Mirhan*
O melancólico desfecho da gestão Bush
Diferente do que fez William Clinton em seus oito anos à frente da Casa Branca, onde pode ostentar ao mundo os famosos acordos de paz de Oslo, celebrados na Noruega entre a então OLP e Israel, o atual presidente republicano George W. Bush nada tem a mostrar em seus oito anos de mandato. Um verdadeiro fracasso em termos de diplomacia. O isolamento americano continua elevado, o ódio que parcelas imensas de muçulmanos sentem de americanos em todo o planeta é imenso e colhe fracassos especialmente na América Latina, que assiste hoje a uma onda de esquerda e mudancista muito grande.
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Quais são as linhas instransponíveis que os palestinos, através de seu presidente Abbas, não podem cruzar? Em resumo são três as mais importantes e fundamentais: 1. Estado Palestino com fronteiras demarcadas com base antes da Guerra dos Seis Dias de junho de 1967; 2. Jerusalém como capital desse Estado (pelo menos a parte árabe, oriental) e 3. Volta dos refugiados (Resolução 194 da ONU, que aceita um cronograma para o retorno).[ . . . ]
Nesse contexto, pode ser um balão de ensaio a notícia publicada pelo jornal israelense. Esta trata, de forma resumida, que em uma última reunião entre os dois líderes dos dois povos, Olmert teria feito a incrível oferta de devolver 98% da Cisjordânia e desmantelar todas as colônias judaicas na região. Isso poderia significar retirar quase 250 mil judeus, os mais radicais e ortodoxos possíveis. Esses dois por cento restantes seriam compensados com terras israelenses do plano de partilha original da Palestina histórica de 1947.[ . . . ]
Dizem que analistas internacionais não devem ser taxativos em suas afirmações e conclusões, até para se preservarem com possíveis alterações bruscas da correlação política de forças. No entanto, não vejo hoje a menor possibilidade dessa proposta ser implementada, exatamente pela fraqueza de ambas as partes que negociam e pela fragilidade do próprio governo Bush, que fechará mesmo de forma melancólica os seus oito anos de governo. Acordos de paz ocorrem por atos de vontade política e devem ter apoio amplo dos povos das partes que negociam. Hoje isso não esta dado.60 anos de Israel
Na próxima quarta-feira, 14 de maio, completarão 60 anos da proclamação do Estado de Israel por Ben Gurion. Foi quando ocorreu a primeira de várias guerras entre árabe-palestinos e israelenses. Vamos tratar desse assunto que não passará em brancas nuvens.*Lejeune Mirhan, sociólogo da Fundação Unesp, arabista e professor. Presidente do Sindicato dos Sociólogos, membro da Academia de Altos Estudos Ibero-árabe de Lisboa e da International Sociological Association Leia na íntegra em http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=37284
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