De na Revista do Brasil, n. 18, nov. 2007:As negociações entre os países ricos, liderados por Estados Unidos, França e Alemanha, e os países em desenvolvimento, iniciadas em Doha, em 2001, se encontravam, no fim de outubro, em seu momento crucial. Os ricos acusavam o Brasil de “intransigência”, que ameaça o acordo que vem sendo tecido há seis anos “por nossa iniciativa”. Os Estados Unidos temem a liderança do Brasil entre as nações emergentes, junto com Índia e África do Sul, para a criação de outro pólo de influência mundial e de resistência contra a hegemonia norte-americana, já ameaçada pelo retorno do nacionalismo russo e pela ascensão da China.
O surgimento de um novo pólo de influência mundial reunindo os emergentes incomoda os EUA
Por Mauro Santayana
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É nesse período que Washington inicia a destruição sistemática do Iraque, com bombardeios ordenados pelo primeiro Bush, para assegurar o fornecimento de petróleo. Mesmo sob Clinton os iraquianos continuaram a sofrer bloqueio comercial e ataques aéreos. A fraude eleitoral na Flórida, em 2000, foi novo retrocesso na democracia americana. O projeto do segundo Bush era criar fato emocional que unisse o povo para novas conquistas e a continuação de seu domínio, mediante a guerra sem fim. O atentado de 11 de setembro de 2001 pôs em xeque a invulnerabilidade do território norte-americano. A opinião pública, liderada por personalidades influentes da sociedade, cerrou fileiras em torno do presidente. Em editorial, o New York Times, diante do que considerou um momento dramático, resumiu a precária legitimidade do republicano, sua personalidade frágil, seu despreparo e sua eleição duvidosa à condição de fatalidades, em hora dramática como aquela. Bush foi à guerra e manipulou a mídia mundial. Desqualificou a ONU e ignorou os protestos do mundo: invadiu o Iraque sob a desculpa de que Saddam dispunha de armas de destruição em massa e estaria envolvido no atentado – o que se provou ser mentira.[ . . . ]
Nesse quadro, o Brasil corajosamente assumiu a resistência econômica, organizando o grupo dos 20 para exigir equilíbrio comercial entre ricos e pobres, a fim de diminuir as tensões internacionais. Essa articulação dos emergentes, de acordo com Lula, terá a provável adesão da gigante Indonésia – uma vitória da diplomacia brasileira –, o que assusta agora os donos do mundo.[ . . . ]
A História mostra que todos os impérios desabam quando a desigualdade interna atinge níveis insuportáveis, como ocorre hoje nos Estados Unidos.Mauro Santayana trabalhou nos principais jornais brasileiros desde 1954. Foi colaborador de Tancredo Neves e adido cultural do Brasil em Roma nos anos 80. É colunista do Jornal do Brasil e articulista de diversas publicações.
Leia na íntegra em http://www.revistadobrasil.net/ponto_de_vista.htm
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