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por Peter Goodchild [*]
Mesmo quando lutam com a ideia da desintegração económica, os americanos tentam ultrapassá-la em termos de progresso tecnológico ou económico: eco-aldeias, desenvolvimento sustentável, eficiência energética e assim por diante. Sob as presentes circunstâncias, tal tecno-optimismo compulsivo parece inadequado". — Dmitry Orlov, "Our Village"
O caminho para além do petróleo começa pela consideração de cinco princípios: de que as fontes alternativas de energia são insuficientes; de que os hidrocarbonetos, metais e electricidade são inseparáveis; de que a tecnologia avançadas é parte do problema e não parte da solução; de que agricultura pós-petrolífera significa uma população mais pequena; e de que a base do problema é psicológica e não tecnológica.
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1. As fontes alternativas de energia são insuficientes
As fontes alternativas de energia nunca serão muito utilizadas, principalmente devido ao problema da "energia líquida": a quantidade do output de energia das fontes alternativas não é suficientemente maior do que a quantidade de input de energia (a qual são hidrocarbonetos). As fontes alternativas não são suficientes para abastecer as necessidades anuais da "sociedade industrial" tal como é geralmente entendida tal expressão.
As pilhas de combustível (fuel cells) não podem ser tornadas práticas porque tais dispositivos exigem hidrogénio derivado dos hidrocarbonetos. Os biocombustíveis (exemplo: do milho) exigem enormes quantidades de terra e resultam em quantidades insuficientes de energia líquida. As barragens hidroeléctricas estão a atingir os seus limites práticos. A energia nuclear dentro em breve estará a padecer da falta de combustível e já cria sérios perigos ambientais.
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O gasto mundial de energia primária foi de 11 x 10 9 toneladas equivalentes de petróleo (tep) em 2006. É difícil imaginar um número de tal grandeza – é muitíssimo. Por volta de 2030 o abastecimento mundial de petróleo estará tão esgotado que a Era Industrial estará ultrapassada, para todos os propósitos práticos. Mas os proponentes da "energia alternativa" esperam transformar todo o planeta num espaço de tempo que seria implausível mesmo num trabalho de ficção científica.
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2. Os hidrocarbonetos, os metais e a electricidade são inseparáveis
O minério de ferro daquela espécie que pode ser processada com equipamento primitivo está a tornar-se escasso, e apenas as formas menos tratáveis estarão disponíveis quando a maquinaria movida a petróleo já não estiver disponível — um problema do tipo do ovo e da galinha. O cobre, o alumínio e outros metais também estão a desaparecer rapidamente. Os metais foram úteis à espécie humana apenas porque outrora podiam ser descobertos em bolsões concentrados na crosta da Terra, agora eles estão irremediavelmente dispersos entre as montanhas de lixo do mundo.
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Os hidrocarbonetos, os metais e a electricidade estão todos intrincadamente conectados. Cada um deles é acessível — à escala moderna — só quando os outros dois estão presentes. Qualquer dos dois desaparecerá sem o terceiro. Se imaginarmos um mundo sem hidrocarbonetos, devemos imaginar um mundo sem metais ou electricidade. Não há meio de romper este "triângulo".
3. A tecnologia avançada é parte do problema e não parte da solução
Sejam quais forem as opções disponíveis no futuro, elas não serão encontradas na tecnologia avançada, em soluções "high-tech". Há três razões porque isto é assim. Em primeiro lugar, quaisquer dispositivos de "energia alternativa" teriam de ser criados de plásticos e metais. Em segundo lugar, eles teriam de ser controlados pela electricidade. Finalmente, teriam de ser criados por máquinas grandes e refinadas e transportados a longas distâncias. Mas toda a questão ao especular acerca da "energia alternativa" é em primeiro lugar encontrar uma resposta para aquela crise particular — o facto de que nenhum destes três factores existirá em anos futuros.
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A tecnologia avançada é parte do problema a ser resolvido, não a própria solução. Pode haver alguma forma de tecnologia que possa salvar-nos do esgotamento de hidrocarbonetos, mas não certamente não é "high". Falar em "métodos high-tech" como se eles fossem em grande medida sinónimos de "métodos empregando fontes alternativas de energia" é em última análise contraditório e auto-derrotante.
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4. Agricultura pós-petróleo significa uma população mais reduzida
A agricultura moderna está dependente dos hidrocarbonetos para os fertilizantes (o processo Haber-Bosch combina gás natural com nitrogénio atmosférico para produzir fertilizante azotado), pesticidas e a operação de máquinas para colheita, processamento e transporte. A Revolução Verde foi a invenção de um meio de converter petróleo e gás natural em alimento. Sem hidrocarbonetos, os métodos modernos de produção alimentar desaparecerão. A produção alimentar será grandemente reduzida, e não haverá meios práticos de transportar comida a longas distâncias.
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No entanto, uma pequena população humana pode sobrevier com a agricultura, pelo menos se ela reverter a alguns métodos primitivos. Algumas culturas asiáticas trazem material de plantas silvestres das montanhas e usam-no como fertilizante, assim utilizando o N-P-K (etc) das mesmas. Muitas outras culturas utilizam cinzas de madeira. A "fonte" nutriente das plantas silvestres alimenta o "sumidouro" ("sink") de nutrientes da terra cultivada. (Isto é um dos princípios básico por trás de toda a "jardinagem orgânica", embora poucos praticantes o admitam ou mesmo saibam disto).
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5. A base do problema é psicológica, não tecnológica
Quando a crise petrolífera piorar haverá várias formas de comportamento aberrante: negação, raiva, paralisia mental. Haverá um aumento do crime, haverá estranhos cultos religiosos ou movimentos políticos extremistas. A razão para tal comportamento é que no fundamental o problema do pico petrolífero não é acerca tecnologia, não é acerca da ciência económica, e não é acerca da política. Ele é em parte acerca da tentativa da humanidade de desafiar a geologia. Mas é principalmente acerca da psicologia: a maior parte das pessoas não pode apreender aquilo que William Catton denomina "ultrapassar os limites" ("overshoot").
Nós não podemos encarar o facto de que como espécie ultrapassámos a capacidade do planeta para nos acomodar. Nós nos multiplicámos para além dos limites. Consumimos, poluímos e expandimo-nos para além dos nossos meios, e após vários milhares de ano de soluções tecnológicas superficiais estamos agora a esgotar as respostas. Biólogos explicam tal expansão em termos de "capacidade biótica máxima" ("carrying capacity"): roedores e lebres da neve — e um grande número de outros espécies — têm o mesmo problema; a super-população e o super-consumo conduzem à extinção (die-off). Mas os humanos não podem encarar tal conceito. Ele vai contra o cerne de todas as nossas crenças religiosa e filosóficas.
22/Dezembro/2007
Outras leituras:
BP Global Statistical Review of World Energy. Annual. http://www.bp.com/statisticalreview
Campbell, Colin J. The Coming Oil Crisis . Brentwood, Essex: Multi-Science, 1997.
Catton, William R., Jr. Overshoot: The Ecological Basis of Revolutionary Change . Champaign, Illinois: U. of Illinois P, 1980.
Deffeyes, Kenneth S. Hubbert's Peak: The Impending World Oil Shortage . Princeton: Princeton UP, 2001.
Gever, John, et al. Beyond Oil: The Threat to Food and Fuel in the Coming Decades . Cambridge, Massachusetts: Ballinger, 1986.
Meadows, Donella H. et al. Limits to Growth: A Report for the Club of Rome's Project on the Predicament of Mankind . 2nd ed. New York: Universe, 1982.
Do mesmo autor:
Pico petrolífero: A energia alternativa e o Princípio Poliana
[*] Autor de Survival Skills of the North American Indians . Contacto: petergoodchild@interhop.net
O original encontra-se em http://www.countercurrents.org/goodchild221207.htm
Leia na íntegra em http://www.resistir.info/peak_oil/goodchild_22dez07.html
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