O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

Arquivo do blog

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Qual a força do Euro?


Deu no Vermelho:
por Marcelo Fernandes
Num interessante artigo intitulado “O euro destronará o dólar?”, o professor William Silber questiona sobre a possibilidade do euro, a moeda da comunidade européia, ocupar no futuro a posição que o dólar ocupa hoje como moeda de reserva internacional (1). Aparentemente, ensejos para o questionamento não faltam. Segundo Silber, “Entre os anos de 2000 e 2005, o dólar perdeu mais de 25% do seu valor ante o euro. Enquanto isso, a parcela de reservas internacionais mantida em euros aumentou em 18% para 24%, e a fatia do dólar caiu de 71% para 66%. Resumindo, o euro claramente fez algum progresso durante esse período de déficits na balança de pagamentos dos EUA (...).”
[ . . . ]
A questão é que, nesse período, o ouro era o principal ativo, o ativo de última instância para qual os investidores corriam caso houvesse uma turbulência tão grave, que até o papel da libra fosse questionado. O momento atual possui uma diferença fundamental. Desde o fim dos acordos de Bretton Woods em 1971, as moedas nacionais não possuem mais lastro. Assim sendo, caberia perguntar para qual ativo os investidores correriam no caso de uma crise mundial que abalasse a confiança no dólar? Uma crise de grandes proporções teria efeitos perversos na economia mundial e, portanto, não apenas sobre o dólar. O professor Silber aventa a possibilidade que, num caso como esse, ocorresse um retorno ao ouro como ativo de reserva internacional. Mas esta é uma hipótese praticamente descartada. Na globalização financeira a tendência é a forma imaterial de riqueza, de valorização fictícia.

A Europa como ela é


O euro tem a vantagem de ter nascido como moeda internacional, pois substituiu moedas de países que continuaram soberanos. Não obstante, há também grandes desvantagens. A Europa, como bem disse Luis Fiori, “está cada vez mais parecida consigo mesma e com toda a sua longa história passada” (2). Alguns acontecimentos servem para corroborar a afirmação. O professor Fiori lembra que o primeiro ministro britânico “Miliband anunciou ao mundo, com todas as letras, que o governo de Gordon Brown não se submeterá ao sistema monetário europeu, nem aceitará qualquer tipo de soberania imperial ou de política externa unificada sob o comando de Bruxelas”. Já o novo presidente francês Nicolas Sarkozy “fez declarações e tomou decisões que colocam a França em confronto direto com a Alemanha e com quase todos os seus pares da União Européia”. Reconhecidamente autoritário e de tendência xenófoba, Sarkozy insiste, com alguma veemência, que o Banco Central Europeu (BCE) deve intervir para desvalorizar o euro. Por outro lado, a ministra alemã Angela Merkel, fazendo a sua parte como representante da potência líder da Europa, acusa o presidente francês de tentar desestabilizar o euro e a independência do BCE.
[ . . . ]
Os Estados Unidos por meio da OTAN continuam comandando a política de defesa da Europa apesar do fim da Guerra Fria. Mas a Rússia não está disposta a aceitar pacificamente a sua ampliação. Francamente, é difícil imaginar uma Europa com este nível de tensão, que tende até a aumentar, criar as condições necessárias para que o euro substitua o dólar. Como bem ressaltou Silber falta algo imprescindível a comunidade européia: o mesmo nível de comprometimento que os Estados Unidos têm com o dólar.

Leia na íntegra em http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=22851

Nenhum comentário: