O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Cansaram-se do estado de direito

Do JB Online:
por Candido Mendes,
professor e integrante da Academia Brasileira de Letras
Em boa hora, de logo, a OAB do Rio de Janeiro, pela palavra candente do presidente Wadih Damous, impediu que se generalizasse a visão de uma advocacia ligada à ideologia clássica do moralismo udenóide brasileiro. Compreende-se a entrada em cena, pelo Cansei dos ricos super-ricos, confundindo a ordem pública com as benesses do status quo, que os favorece ainda mais. Mas a OAB de São Paulo não pode se atribuir o exercício privativo da cidadania, como se, naturalmente, o Brasil, visto dos seus luxuosos escritórios, fosse a paisagem da nação que acorda. De imediato, a reação dos sindicatos e dos movimentos sociais - passando ao "cansamos" - isolou de logo o mote de Paulo Zutollo, da sua Phillips, das suas verbas publicitárias, convocatórias eletrônicas, e consultorias milionárias para a movimentação da campanha.
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A má consciência do Cansei reponta na rapidez com que, quem rebate, confessa e, na sede de se justificar, expõe a traquinada. Movimentos não se explicam, nem têm post scriptum, nem, sobretudo, reiteração de intenções, ou correção de saídas estouvadas. São o que são, se querem exprimir uma onda legítima de inconformismo, e não o script das suas relações públicas ou anúncios monitorados. Todos têm direito de ir à cívica, mas não leva muito longe a bravata ou a lavagem da alma dos grupos mais opulentos saídos do ninho quente do conforto que lhes deu Lula.
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O presidente Zuttolo é parte - como não - do sentimento de que é seu, também, o paisão de Lula. O Cansei fraturado no seu arranco serve, também, para espancar toda consciência ingênua nestas manobras que nada têm a ver com a "boa-fé" com que vai à luta cívica e reconhece quem é quem para levá-la à frente. Quem experimenta a mudança, e a vive e a partilha, sabe, mais que nunca, que a direita e a esquerda são polaridades insubstituíveis, para o desfecho da mudança e sua consciência. O status quo tem os seus prisioneiros do inconsciente social, dogmáticos, vociferantes, donos de uma retórica, herdeira do elitismo arqueológico. A bússola política continua cada vez mais contundente. Quem declara que não há mais direita ou esquerda é, sem salvação, nem torna, de direita.
Leia na íntegra em: http://jbonline.terra.com.br/sitehtml/papel/pais/papel/2007/08/08/pais20070808014.html

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