O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

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quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Comunicação interfere no processo democrático

n ChavesDoutor em Relações Internacionais, Marco Cepik leciona no
programa de pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, ele comenta a efervescência política que vive a Venezuela, principalmente no que tange à
inserção da mídia no debate político.

Jornal do Comércio - Como a comunicação se insere no processo democrático?
Marco Cepik -
Ao longo do século XX, informações e imagens se tornaram cruciais na organização do sistema político. A televisão foi usada pela primeira vez pelos nazistas, na II Guerra Mundial, como arma de propaganda para formar consciências. Nos ambientes democráticos, a mídia é um dos sistemas mais importantes a influenciar a percepção do desempenho governamental e das alternativas colocadas pelos partidos políticos.

JC - Qual a avaliação da atuação da mídia na Venezuela?
Cepik -
Houve, desde a chegada de Chávez ao poder, uma oposição clara dos principais meios de comunicação. O presidente também passou a usar os meios estatais. E, desde o início, jogou-se com a carta da ameaça à liberdade de imprensa.

JC - A não-renovação da concessão da RCTV seguiu os meios constitucionais ou foi uma ação intempestiva de Chávez?
Cepik -
Não há dúvida de que foi legal, acho que mesmo no Supremo Tribunal venezuelano. A operação dos meios de comunicação é uma concessão pública e há a necessidade da renovação de tempos em tempos. O que causa espécie é que não é comum que alguém não renove a concessão de um canal de televisão tão poderoso, com cerca de um terço da audiência.

JC - Foi um erro político?
Cepik -
É uma questão de interpretação. Há um cálculo político da parte do governo em tentar fortalecer a televisão estatal e diminuir o poder dos grandes meios. Até para poder barganhar a atitude dos outros que continuam fazendo forte pressão contra o governo.

JC - Chávez pretende estatizar a mídia?
Cepik -
A idéia de que o fim da RCTV seria a partida para a estatização total é exagerada neste momento. Continua existindo um grande número de empresas independentes e oposicionistas. Os dados que o Le Monde Diplomatique compilou, em janeiro, mostram que as notícias contrárias a Chávez são bastante predominantes.

Publicado no Jornal do Comércio.
Porto Alegre, 29 ago. 2007. P. 20.
Extraído de
http://www.clipping.ufrgs.br/restrita.php?palavra=&data_ini=&data_fim=&filtrodata=&midia=jornal&cod=52684&cliente=14322&palavra

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