O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

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sábado, 28 de julho de 2007

Guerras americanas no Médio Oriente

Guerras americanas no Médio Oriente:
Oposição social e impotência política

por James Petras

"Não se pode ganhar a paz a menos que se conheça o inimigo interno e externo"
Coronel US Marine do Tennessee.

. Em todos os lugares que visito, desde Copenhagem até Istambul, desde a Patagónia até a Cidade do México, jornalistas e académicos, sindicalistas e homens de negócio, assim como cidadãos comuns, inevitavelmente perguntam-me: por que o público americano tolera a matança de mais de um milhão de iraquianos ao longo das duas últimas décadas, e de milhares de afegãos desde 2001?

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Ausência de um movimento da paz?

Pouco antes da invasão americana do Iraque, em Março de 2003, mais de um milhão de cidadãos americanos protestaram contra a guerra. Desde então tem havido pouco protestos e mais pequenos mesmo quando a carnificina de iraquianos ganha maior dimensão. As baixas estado-unidenses sobem e uma nova guerra com o Irão assoma na horizonte. A morte do movimento da paz é em grande medida o resultado da decisão das maiores organizações pacifistas de comutarem das mobilizações sociais independentes para a política eleitoral, nomeadamente canalizar activistas para trabalhar pela eleição de candidatos democratas — a maior parte dos quais tem apoiado a guerra. A lógica apresentada por estes 'líderes da paz' era que uma vez eleitos os democratas reponderiam aos votantes anti-guerra que os colocaram no gabinete. A experiência prática e a história, naturalmente, deveria ter ensinado o movimento da paz a actuar de outra forma. Os democratas no Congresso votaram todo orçamento militar desde que os EUA invadiram o Iraque e o Afeganistão. A capitulação total da maioria democrata recém-eleita teve um efeito desmoralizante sobre os desorientados activistas da paz e desacreditaram muitos dos seus líderes.

Ausência de um movimento nacional

Como relatou correctamente David Brooks (La Jornada, 02/Julho/2007) no Fórum Social americano, não há movimento social coerente nos EUA. Ao invés disso temos uma colecção de 'grupos de identidade' fragmentados, cada um deles incrustrado em estreitos conjuntos de interesses identitários. A proliferação destes sectários 'grupos de identidade' 'não governamentais' baseia-se na sua estrutura, financiamento e liderança. Muitos dependem de fundações privadas e agências públicas para o seu financiamento, os quais impedem-nos de tomar posições políticas. No melhor dos casos eles operam como 'lobbies' simplesmente pressionando a elite política de ambos os partidos. Seus líderes dependem da manutenção de uma existência separada a fim de justificar os seus salários e assegurar avanços futuros em agência governamentais.

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Lobby da guerra sem oposição

Os EUA são o único país do mundo onde o movimento da paz nega-se a reconhecer, condenas publicamente ou opor-se a importantes e influentes instituições políticas e sociais que apoiam firmemente e promovem guerras americanas no Médio Oriente. O poder político da configuração de forças pró-Israel, conduzida pelo American Israel Political Affairs Committee (AIPAC), apoiado dentro do governo por líderes do Congresso e por responsáveis altamente colocados da Casa Branca e do Pentágono tem sido bem documentado em livro e artigos por importantes jornalistas, académicos e o antigo presidente Jimmy Carter. A Zionist Power Configuration (ZPC) tem mais de dois mil funcionários a tempo inteiro, mas de 250 mil activistas, mais de um milhar de multi-milionários doadores políticos que contribuem com fundos para ambos os partidos políticos. O ZPC assegura que 20% do orçamento de ajuda militar estrangeira dos EUA sejam para Israel, mais de 95% de apoio do Congresso para o boicote as incursões armadas de Israel em Gaza, para a invasão do Líbano e a opção militar antecipativa contra o Irão.

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O colapso do movimento da paz americano, a falta de credibilidade da maior parte dos seus líderes e a desmoralização de muitos activistas pode ser derivada de fracassos políticos estratégicos: a falta de vontade em identificar e confrontar os movimentos pro-guerra reais e a incapacidade para criar uma alternativa política à belicosidade do Partido Democrata. O fracasso político dos líderes do movimento da paz é ainda mais dramático face à grande maioria de americanos passivos que se opõem à guerra, a maior parte dos quais não ostenta as suas bandeiras neste Quatro de Julho e não são conduzidos a reboque pelo lobby pro-Israel ou os seus apologistas intelectuais dentro dos círculos progressistas.

A resposta para os críticos anti-guerra do resto do mundo é que mais de sessenta por cento do público americano opõe-se à guerra mas as nossas ruas estão vazias porque os líderes do nosso movimento da paz são sem espinha e politicamente impotentes.

04/Julho/2007
O orginal encontra-se em: http://petras.lahaine.org/articulo.php?p=1704&more=1&c=1

Leia na íntegra em:
http://www.resistir.info/petras/petras_04jul07.html

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