O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

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terça-feira, 10 de junho de 2008

No ainda governo de Yeda, o gerencialismo acabou

Deu no Estratégia e Análise,
página do cientista político
Bruno Lima Rocha:
Na tarde deste sábado, 7 de junho de 2008, Yeda Crusius convocou o chamado Conselho Político e assinou o óbito de seu projeto gerencial. Esta é a leitura que faço e intento fundamentar. Sei que os dados já foram para lá de repetidos, mas como uma nota dessas também é um registro histórico, sou obrigado a repetir os fatos.
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Presentes na reunião estavam o PSDB – com a própria governadora, a deputada estadual Zilá Breitenbach, o deputado estadual Nélson Marchezan Fo., o deputado federal Cláudio Diaz e o secretário de Infra estrutura e logística Daniel Andrade (representante das empreiteiras no governo, ex executivo da Odebrecht) e o porta-voz Paulo Fona; o PPS – com o presidente do Grêmio e deputado estadual Paulo Odone e Sérgio Campos de Moraes, secretário-geral da legenda; o PP - o casal Vilson Covatti deputado federal e sua esposa Silvana, deputada estadual; o PMDB – com o deputado estadual Alexandre Postal e o dirigente da sigla Rospide Neto; o PTB – com a presença de Elói Guimarães, vereador da capital e presidente estadual da sigla.
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Para cortar na própria carne e não ficar ainda mais exposta, Yeda aceitou a “exoneração voluntária” de Cezar Busatto (PPS), até hoje Chefe da Casa Civil e pessoa chave no novo esquema de governo montado em torno dele e de Delson Martini, secretário-geral de governo; do representante (embaixador) do Rio Grande em Brasília, Marcelo Cavalcante (caiu pela carta de Lair Ferst) e o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Nilson Nobre Bueno. Os quatro têm a corda no pescoço por acusações, problemas com o Ministério Público, estão no imbróglio das gravações da PF e são alvos permanentes da ofensiva político-midiática que está sofrendo o governo.
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Fora as conspiretas brigadianas e a permanente crise na segurança pública do RS, a coisa está mais que feia e no campo conceitual. Vejamos.

Na hora de dúvida, é bom voltarmos ao “pai da matéria”, do princípio do gerencialismo tucano. Segundo Bresser Pereira, “A Reforma da Gestão Pública de 1995-98 não subestimou os elementos patimonialistas e clientelistas ainda EXISTENTEntes em um Estado como o brasileiro, mas, ao invés de continuar se preocupando exclusivamente com eles, como fazia a reforma burocrática desde que foi iniciada nos anos 1930, avançou na direção de uma administração mais autônoma e mais responsabilizada perante a sociedade. Seu pressuposto é de que a melhor forma de lutar contra o clientelismo e outras formas de captura do Estado é dar um passo adiante e tornar o Estado mais eficiente e mais moderno.”
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A partir de agora, ou o PT desiste do impedimento (impeachment), ou os parlamentares terão de se defender com unhas e dentes. Vai entrar tudo na roda, incluindo o Banco Santos e as prefeituras de Alvorada e Viamão. Dá para derrubar o governo, mas o preço a ser pago será alto. Terão de enfrentar no pago a uma parte dos queridos aliados de Brasília e muito provavelmente Tarso Genro não irá permitir que a pá do coveiro entre muito fundo.
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Paulo Afonso Feijó se arrisca a pelear sozinho, em nome de uma suposta moralidade da iniciativa privada mediana, a mesma que enlaça com as máquinas político-partidárias do estado desde que seus antepassados venderam a república em Ponche Verde. Mas, como a figura mais belicosa nos duelos de mídia que vivemos é um homem-bomba, está aberta esta “janela de oportunidade” para implodir o subsistema político gaúcho.
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Suponho que isso não vai ocorrer e a lambança será geral. O patrimônio simbólico da estirpe dos políticos rio-grandenses caiu por terra e não se levantará tão cedo. Onofre Pires e Vicente da Fontoura sorriem no inferno, lembrando de lá que os atuais são iguais a maioria dos fundadores da Província que não quis ser república federalista na Pátria Grande. Na maior parte dos casos, o empate político no corruptômetro dá num acórdão para salvar o estamento. Se Yeda não cair, a saída será essa. Governo gerencial com projeto próprio, já era. Resta saber se sobreviverá até o fim do mandato.
Leia na íntegra em http://www.estrategiaeanalise.com.br/notas.php?notasel=6d3dc0cc9a850eab35317324b9f749ee

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