O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

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domingo, 20 de abril de 2008

Os vigaristas

Deu no Vermelho:
por Sérgio Barroso*
Como podemos errar tanto?
(Alan Greenspan, Valor Econômico/Financial Times, 18/3/2008)
Deus se apiedará da alma – em chamas – desse senhor. Greenspan, chefão do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), por nada menos que 18 anos, multiplicou a riqueza de poucos e iludiu multidões. Desgraçou a vida de incontáveis seres humanos. Como?
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Karl Marx, o inglês J. Hobson – e mesmo um ex-diretor do Fed, o economista C. Kindleberger –, a exemplo, apontaram a especulação como fenômeno endógeno do modern capitalism. Para Marx, as formas do capital (como portador de juros e como fictício) são indissociáveis do desenvolvimento do moderno sistema de crédito. Ao brotar lucro e juros no capitalismo atual – dinheiro que cria dinheiro –, reproduzem uma “nova aristocracia financeira, nova espécie de parasitas... um sistema completo de especulação e embuste” – fulminou Marx (O Capital, Livro 3, Cap. XXVII). Disse Hobson, um liberal: os financistas do final do século 19 especulavam com títulos como numa “casa de jogo”; que “planejavam golpe (coup) contra a Bolsa de Valores” (Evolução do capitalismo moderno, Cap. X).
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Primeiro, porque ele, seguindo mais ou menos os conselhos de Greenspan, passou pelo crivo de um grupelho da alta finança americana – como não podia deixar de ser. Não à toa o liberal Paul Krugman escreveu, comparando: as medidas são “para esconder a falta de idéias práticas sobre o que fazer”; tomadas por “dirigentes [que] gostam de promover grande algazarra quando reorganizam caixinhas e linhas de um organograma informando quem se reporta a quem”.
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Segundo, porque elas fora publicizadas exatamente quando se soube das violentas perdas bancárias com a crise, registradas oficialmente até 1º de abril, a superar os US$ 140 bilhões (blog Deal Journal,The Wall Street Journal, 1/4/2008). As baixas contábeis do banco suíço UBS totalizaram as maiores (US$ 27 bilhões).
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Sexta passada, a Bloomberg subiu o rombo para US$ 195 bilhões; e o banco Lehman Brothers (quarto maior de investimentos dos EUA) declarou a liquidação de três de seus Fundos. Na segunda, seguradoras chiaram o estrago de US$ 38 bilhões.

A quebradeira prosseguirá.
Artigo publicado originalmente em O Jornal (AL), 16/4/2008
*Sérgio Barroso, Médico, doutorando em Economia Social e do Trabalho (Unicamp), membro do Comitê Central do PCdoB. Leia na ńtegra em http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=36286

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