O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Se depender da vontade política, legado da Copa no Brasil será difícil de consertar

Deu na Carta Capital:
José Carlos Brunoro
Uma Copa do Mundo pode alavancar muita coisa boa em termos de infra-estrutura geral e de turismo em um país, principalmente o Brasil, e este é o lado bom do evento.
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A Copa é importante para o País sim, é a minha resposta. Temos muito trabalho e muito pouco tempo. Isto porque tudo está sendo levado para a construção dos estádios, e eles são o menor problema. Na verdade, alguns podem ser reformados e outros construídos, não temos a necessidade de construirmos exemplos de engenharia ou arquitetura. Podemos trocar isto por funcionabilidade e simplicidade, metas perfeitamente viáveis para a realidade brasileira. Mas o problema é outro. Por coincidência, estou escrevendo esta coluna após visitar a Amsterdam Arena do Ajax, famoso time holandês. Após a visita pensei se estaremos preparados em tão pouco tempo? Sinceramente, fiquei na dúvida. Pegando carona no estádio holandês, veja quantas coisas teremos que fazer:
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b) Há um enorme Shopping e um grande local para eventos musicais. Uma outra área que abrange lojas, cinemas, dentro de uma enorme praça na entrada da Arena, além de salas comerciais também no complexo. Traduzindo: quando uma família quer ir ao jogo, pode haver uma divisão, a mulher ir ao shopping, os filhos ao cinema, e o maridão ao futebol, lógico, dependendo do gosto de cada família, ou então fazer todos juntos um programa antes ou depois da partida.
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Tudo isso em uma Copa do Mundo é muito mais complexo, com um fluxo gigantesco de pessoas de vários países.
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Hoje estou analisando algumas ações perigosas que estão aflorando em função da Copa. A primeira delas é que todo clube quer ter seu estádio, mas ninguém sabe como mantê-lo. É possível, “pelo andar da carruagem”, que somente em São Paulo tenhamos as arenas de Palmeiras, Corinthians, Santos (fala-se em Diadema) e o já existente Morumbi. Como fazer para mantermos ativos tantos estádios após a Copa? Teremos condições para atender a esta demanda?
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Pegando carona na Fonte Nova agora existe a briga política para uma cidade tornar-se sede do Mundial. É muito importante uma análise bem apurada para a utilização em termos futuros das modificações que estes locais passarão para receber os jogos, tais como:
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A cidade tem equipes de futebol para a utilização do estádio? A cidade tem infra-estrutura geral, aeroportos, estradas, hotéis, lazer para continuar a receber pessoas dos mais diferentes países?
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Em resumo, a realização da Copa no Brasil é uma grande mobilização nacional em torno de um evento mundial, que não se resume em uma cidade apenas como foi o Pan-americano do Rio de Janeiro em 2007. De fato, temos capacidade de realização para uma Copa do Mundo, ela pode deixar um legado muito bom. O meu medo, como o de muitos, é um só: quem vai tomar conta dos políticos ou técnicos de cada área? Se por vontade e administração políticas, podem contar com um grande fracasso e um legado muito difícil de ser consertado.
José Carlos Brunoro, que começou sua carreira como atleta de vôlei, foi o responsável pela gestão da parceria esportiva entre Palmeiras e Parmalat e é um dos maiores especialistas em marketing esportivo do País. Leia na íntegra em http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=242

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