O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Nós e o cansaço da superpotência

Deu no Blog do Alon:

Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje (08/01/2008) no Correio Braziliense.

Decadência material combinada a angústias existenciais, tudo indica que o vento contestatório é sintoma de que vem aí um ciclo isolacionista na política americana. “America first”, como diria Mike Huckabee

Por Alon Feuerwerker
alon.feuerwerker@correioweb.com.br

O vento anti-establishment começa a soprar com força na sucessão presidencial americana. Hoje é dia de decisão nas primárias de New Hampshire. Uma nova derrota deixará a democrata Hillary Rodham Clinton em situação ainda mais difícil. Aritmeticamente, ela vai bem. O problema é que Barack Obama ameaça virar uma onda. Do lado republicano, a antes aparentemente favorita candidatura de Rudolph Giuliani dá sinais crescentes de debilidade. O sonho de uma disputa “novaiorquina” vai ficando cada vez mais distante e improvável.
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Quais são as raízes da contestação nos Estados Unidos? Uma pergunta a fazer é se a sociedade americana não estaria dando sinais de desagrado e esgotamento diante do custo de seu país manter-se como superpotência. Depois do ataque às torres do World Trade Center em 11 de setembro de 2001, a explosão dos gastos militares na gestão republicana aposentou a política de responsabilidade fiscal posta em prática pelos democratas. E a bomba-relógio dos déficits gêmeos (externo e fiscal) continua seu tique-taque, com a previsível conseqüência sobre o dólar, cada vez mais fraco.
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Analistas respeitados apontam que os ventos anti-establishment sopram também a partir da insatisfação popular com os sinais de declínio do poder nacional. Há dúvidas e frustração sobre os custos e os resultados das guerras no Afeganistão e no Iraque, sobre a incapacidade de desnuclearizar o Irã e a Coréia do Norte, sobre a fragilidade financeira desencadeada pela crise do mercado imobiliário, sobre o alto preço do petróleo, etc.
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E o Brasil? Diante desse cenário, será prudente afastar a latente tentação de voltar as costas aos vizinhos e colocar as fichas no aprofundamento das relações bilaterais com Washington. É uma cantilena atlantista que volta e meia ressurge das entranhas do Itamaraty, permanentemente consumido pela luta interna entre terceiro-mundistas e americanófilos. Que estes últimos nos perdoem, mas o mar não está para o peixe que tentam nos vender.

Melhor a gente se entender bem com a vizinhança e aprofundar a integração comercial, política e militar. Vamos olhar legal a nossa casa e assumir com responsabilidade nosso papel de potência regional, cuidando sempre de não melindrar coadjuvantes como a Argentina. A América do Sul é um continente livre do terrorismo e das armas de destruição em massa. Um continente que cresce em paz e na democracia. Preservemos esse statu quo. Parece a atitude mais prudente e adequada ao que parece vir por aí, no grande irmão do norte.


Acrescento no blog: para uma interessante e bem-humorada caracterização dos candidatos à eleição nos Estados Unidos, vale ler o post Eleições americanas: um ABC, do Idelber Avelar, no blog O Biscoito Fino e a Massa.

Leia na íntegra em http://blogdoalon.blogspot.com/2008/01/ns-e-o-cansao-da-superpotncia-0801.html

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