Já escrevi vários posts sobre o papel vergonhoso da grande mídia nestas eleições: a manipulação descarada (a última gota foi a Foxlha decidir intitular todas as matérias da eleição com "Presidente 40"), a falta de ética e o jogo sujo que viabiliza ao não condenar as ações desprezíveis de tucanos que insistem em pintar Dilma como "terrorista" e que até mesmo usam o câncer (derrotado) da candidata para desmerecê-la.
No entanto, percebi que nunca enumerei os motivos que me levam a votar em Dilma e a rejeitar com todas as forças a candidatura Serra - e que vão muito além da notória arrogância e antipatia do sujeito.
Comecemos com os motivos pró-Dilma:
1) O governo Lula, do qual Dilma representa a continuidade, foi um dos mais eficientes exemplos de gestão pública já documentados neste país. Aliás, o sucesso de Lula como presidente é tamanho que nem mesmo Serra, que se apresentou como seu completo oposto em 2002, agora exibe a coragem de desafiá-lo, fazendo questão de dizer que o governo de Lula "termina bem", que o presidente está "acima do bem e do mal" e por aí afora. Serra, que representa a oposição, não tem nem mesmo a honradez de admitir esta condição, preferindo dizer que não é "oposição nem situação". O que ele é, então?
2) Ao se candidatar em 2002, Lula prometeu criar 10 milhões de empregos. Foi atacado por Serra, que disse com todas as letras que aquilo era uma mentira óbvia, uma promessa de campanha absurda e inalcançável. Pois bem, ele realmente não criou os 10 milhões prometidos, mas por uma ótima razão: criou mais de 14 milhões.
3) O governo Lula trouxe para o Brasil um status internacional que jamais havíamos experimentado. Somos considerados como referência de democracia e de crescimento social lá fora, o que resultou em grandes honrarias ao Presidente, como o prêmio da ONU pelo combate à fome e, claro, a inclusão de Lula na lista dos 25 políticos mais influentes do mundo.
4) Com uma economia fortalecida ao longo de 8 anos de gestão, o Brasil foi um dos países que menos sofreu com a crise internacional disparada em 2009 e que chegou a 2010 fazendo vítimas nos EUA, na Europa e na América Latina.
5) Graças ao seu espírito excessivamente democrático, Lula - além de jamais tentar mudar a Constituição para permitir sua permanência no poder (como fizeram Chavéz e Fernando Henrique Cardoso) - não se deixou abalar pela pressão internacional ao tentar fechar um acordo nuclear com o Irã. Como resultado, o acordo, fechado hoje, alcança uma vitória que nem mesmo a ONU conseguiu e abre as portas para que o Estado iraniano possa estabelecer relações comerciais com o Ocidente. O que, conseqüentemente, diminui os riscos de um confronto internacional com graves repercussões.
6) O bolsa-família, embora ainda imperfeito por não conseguir filtrar exploração do benefício por adultos mal intencionados, vem alcançando resultados expressivos não só nos índices de educação das crianças, mas também ao diminuir consideravelmente o número de crianças exploradas pelo trabalho infantil. E particularmente considero que 100 maçãs podres explorando o sistema não são o suficiente para desmerecer a realidade de milhares de crianças que vão à escola em vez de à lavoura. Como se não bastasse, a desnutrição infantil caiu em 52% na população atendida pelo bolsa-família.
7) No governo Lula, os 10% mais ricos da população ficaram 11% ainda mais ricos. Já os 10% mais pobres tiveram um aumento de renda de 72%. Em outras palavras, sem desprezar a população classe AAA, o governo conseguiu beneficiar economicamente todas as camadas da população.
8) Dilma foi parte fundamental do governo Lula desde o primeiro ano, atuando como Ministra e como chefe da Casa Civil. Nestas posições, manteve-se ao lado do presidente durante suas duas gestões, compartilhando de sua visão sobre a forma de conduzir o país e mantendo-se no meio de todo o processo, passando a dominá-lo de maneira inquestionável. Como tal, é a candidata perfeita para dar continuidade ao projeto que guiou o país nos últimos 8 anos.
Analisemos agora Serra e seu modelo neo-liberal:
1) Os países que seguiram à risca o neo-liberalismo, advogando a interferência mínima do Estado sobre a economia, foram os que mais sofreram com a crise mundial. Aliás, é possível até mesmo dizer que a crise foi provocada por esta política, já que aberrações como Goldman Sachs e Lehman Brothers se tornaram possíveis justamente graças à total falta de fiscalização e regulação por parte do governo. No entanto, quando a coisa estourou, aí, sim, os governos mundiais foram chamados para apagar o incêndio, sendo obrigados a investir mais de um trilhão de dólares na economia para tentar salvá-la.
2) Se dependesse de Serra e FHC, tudo o que tínhamos de mais valioso já teria sido privatizado - como, de fato, muitas empresas estatais o foram. Parte fundamental do neo-liberalismo, estas privatizações teriam provocado um desastre em nossa economia. Basta lembrarmos que a Petrobrás só não foi privatizada graças à pressão da oposição da época e da população. Resultado: hoje a Petrobrás é uma das empresas mais lucrativas e respeitadas do mundo - e com o pré-sal, isto só tende a aumentar exponencialmente. Em outras palavras: as riquezas que iriam para os bolsos já recheados da iniciativa privada agora voltarão em forma de divisas para o país.
3) Serra, ainda candidato, tem feito uma série de declarações desastrosas que indicam seu despreparo absoluto para a Presidência. Primeiro, disse que o Mercosul era uma farsa - e, ao ser pressionado e condenado por praticamente meio mundo, voltou atrás afirmando que queria dizer que é preciso "flexibilizar o Mercosul". A pergunta: como alguém pode querer "flexibilizar" algo que considera uma "farsa"?
4) Em entrevista à CBN, Serra afirmou que iria intervir no Banco Central. Com isso, provocou um alvoroço no mercado financeiro, que recebeu muito mal a idéia. Por sorte, ninguém acredita, a esta altura, que Serra será eleito e, assim, os índices do dia não foram afetados. Agora reparem que ele ainda é candidato e afirma ter se preparado "a vida inteira" para ser presidente. Imagine se já estivesse no cargo, o estrago.
5) Notoriamente autoritário, Serra reprimiu manifestações de todos os tipos empregando pesada e covardemente a força policial, usando uma força desnecessária. Num dos momentos mais graves, cometeu a impensável asneira de colocar a Polícia Militar para reprimir os policiais civis em greve - e qualquer um que conheça a rivalidade entre as duas corporações sabe que isto poderia facilmente ter virado uma tragédia absoluta. Algo que não ocorreu quase que por milagre. E por que Serra ordenou a ação dos PMs? Apenas para evitar que os grevistas se aproximassem de seu palácio.
6) Ao assumir a prefeitura de São Paulo, Serra fez um compromisso em cartório que não abandonaria o cargo para concorrer ao governo do estado. Garantiu que iria até o fim do mandato. Não foi; abandonou o cargo, entregando-o a Kassab. E repetiu o gesto ao renunciar ao governo de São Paulo para concorrer à presidência.
7) O autoritarismo de Serra não se manifesta apenas através de sua utilização da polícia para reprimir grevistas. Como é possível ver neste link, ele destrata sem hesitação qualquer um que ousa questionar suas ações como gestor, desferindo patadas e deixando entrevistas no meio.
8) José Serra não hesita em assumir, sempre que pode, a autoria de obras alheias: diz-se, por exemplo, criador do programa contra a AIDS elogiado em todo o mundo - algo que vocês poderão constatar fartamente durante sua campanha. Mas o programa foi criado por Lair Guerra e Adib Jatene, não tendo absolutamente nada a ver com Serra. Da mesma forma, como governador, fez várias aparições públicas para vender a idéia de que o Estado de São Paulo havia comprado e iria distribuir gratuitamente as vacinas contra o H1N1 - ressaltando que São Paulo foi o primeiro Estado a fazê-lo, batendo até mesmo o Ministério da Saúde. Outra mentira: foi o governo Federal que comprou e pagou pelas vacinas (incluindo agulhas e seringas), enviando-as para os Estados. Ou seja: Serra se vangloriou por ter feito algo que o governo Lula fez. E a mídia vendeu a mentira. Finalmente, Serra não se cansa de se apresentar como o "pai dos medicamentos genéricos". Adivinhem só? Exato, outra farsa: o responsável pela chegada dos genéricos no Brasil foi Jamil Haddad, ministro da Saúde de Itamar Franco.
Extraído de http://www.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2010/05/16/Por-que-votarei-em-Dilma-e-por-que-nao-votaria-em-Serra-JAMAIS.aspx acesso em 17 maio 2010.
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