O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade.
Joaquim Nabuco, 1849-1910

domingo, 10 de agosto de 2008

Ossétia do Sul: Começou a guerra

Deu no Resistir.info:
Na noite de 7 de Agosto, forças georgianas lançaram um ataque a Tskhinvali, o qual Tíflis cinicamente descreveu como um esforço para restaurar a ordem constitucional. Poucas horas antes, Sasskashvli declarou um cessar fogo na zona de conflito, mas o movimento era apenas uma manobra de propaganda que disfarçava o plano para uma ofensiva em grande escala. O momento foi cuidadosamente escolhido — a atenção mundial está voltada para a abertura dos Jogos Olímpicos, o primeiro-ministro russo V. Putin está em Pequim, e o presidente russo D. Medvedev está numas férias curtas.
[ . . . ]
A ofensiva já fez dezenas, se não centenas, de mortos. No entanto, parece que a actividades das forças de manutenção da paz permanece limitada à monitorização da situação. A sua inacção ajuda o agressor — o lado georgiano declara que a força russa de manutenção da paz não está a intervir no conflito. O exército da Ossétia do Sul respondeu ao fogo, mas não tem potencial comparável àquele das forças georgianas. Várias aldeias da Ossétia já foram capturadas e há possibilidade de que a auto-estrada Zar que liga a Republica à Rússia seja bloqueada.
[ . . . ]
É simbólico que Tíflis tenha lançado a agressão no aniversário da queda da República Krajina da Sérvia. A sua morte tornou-se o prólogo para a fase seguinte da guerra balcânica – para a guerra no Kosovo, os ataques da NATO à Sérvia e a humilhação da partição do país. Já foi dito muitas vezes que o Ocidente está a re-utilizar o cenário balcânico no Cáucaso, e que desta vez planeia-se que a Rússia desempenhe o papel da Sérvia. Políticos de Belgrado que 13 anos atrás disseram que vendendo seus compatriotas na Croácia e na Bósnia impediriam a agressão ocidental agora pretendem que estavam inconscientes de que chegaria a vez da Sérvia após os sérvios na Croácia e na Bósnia.
[ . . . ]
A situação pode ficar fora de controle e evoluir para condições em que as autoridades federais serão incapazes de controlar não só as actividades de líderes informais e as máfias dos seus seguidores como também aquelas dos chefes das repúblicas do Cáucaso do Norte que – se a escalada continuar – começarão a actuar independentemente e tentar de alguma forma estabelecer controle sobre o processo. O presidente da Ossétia do Norte, Taymuraz Mamsurov, já disse que centenas de voluntários estão a caminho da Ossétia do Sul. Disse ele: "Não podemos travá-los". Pessoas de outras republicas do Caúcaso do Norte e da Abkhazia estão prontas para fazer o mesmo. Às 4 horas da manhã de 8 de Agosto, os guarda fronteiras na Ossétia do Norte não relataram forças russas a cruzarem a fronteira.
[ . . . ]
Tristemente, as advertências acerca das consequências negativas a longo prazo da passividade da diplomacia russa para tratar a questão das repúblicas não reconhecidas não tiveram efeito apesar de terem sido reiteradas durante anos. A verdade óbvia de que a autoridade georgiana tão pesadamente armada pelo Ocidente não está a enganar e algum dia irá até o fim foi simplesmente ignorada. Tal como em 1992 e 1993, é a Rússia que terá de enfrentar os problemas resultantes, sendo a diferença que o exército georgiano de hoje é algo muito mais sérios do que as gangs de Kitovani e Ioseliani .
[ . . . ]
Agora, só medidas urgente podem remediar a situação. A Rússia deveria romper imediatamente relações diplomáticas com a Geórgia e, caso a agressão continue, efectuar ataques aéreos contra as forças georgianas na Ossétia do Sul (incluindo o corredor Liakhv o qual é o principal recurso estratégico da Geórgia na república de facto).
[ . . . ]
A seguir ao retorno ao status quo — desta vez assegurado pela força — a Rússia deveria formar imediatamente uma aliança de defesa com a Ossétia do Sul e a Abkhazia, e o parlamento russo deveria estabelecer o status das repúblicas como sujeitos associados dentro da Federação Russa.
08/Agosto/2008

Ver também: http://ossetians.com/eng/
O original encontra-se em http://en.fondsk.ru/article.php?id=1530
Leiam na íntegra em http://www.resistir.info/russia/ossetia_08ago08.html

Nenhum comentário: